sábado, 24 de agosto de 2013

PENSAR OU MARCHAR, EIS A QUESTÃO...


Senhores leitores, sou especialista em Segurança Pública e Cidadania formado pela UFRGS/RS, fui Policial Militar por 20 anos de efetivo serviço com o comportamento excepcional e pedi demissão para poder advogar em favor dos policiais militares, principalmente dos soldados adoecidos pela administração militar quando, com base na hipocrisia, ela é usada para a prática de atos covardes sobre aqueles de menor hierarquia. 

O espaço é muito curto para um debate profundo, entretanto, o atual modelo de Justiça Militar bem como o atual modelo de Polícia Militar não me parece o mais adequado em tempos de democracia. O personagem do filme "Tropa de Elite 2, o inimigo agora é outro" demonstrou muito bem as razões de meu ceticismo. A decepção do personagem (Cel Nascimento) foi tão grande com a Segurança Pública e seus órgãos de repressão que no final ele afirma: "... a Polícia Militar do Rio de Janeiro tem que acabar". Essa cena foi um soco no rosto de ignobilidade humana, tão santinha, porém tão perversa em sua bondade.

Não opino em particular sobre a PM do Rio, deixo que os meios de comunicação e o cinema se encarreguem disso. Entretanto, essas tragédias institucionais contra a sociedade civil e democrática não são exclusividades da polícia carioca, quem pensa assim se enganou, pois o problema recai sobre todos os Estados da Federação. O Poder Constituinte, que à época mudou a constituição e o regime político ditatorial brasileiro, não mudou a polícia militar.

Portanto, a sociedade não deve aceitar o atual modelo de militarização dos Estados da União, pois a manutenção destes modelos serve somente para legitimar a prática de atos estúpidos e cito como exemplo a prática do assédio moral contra os soldados dentro dos quartéis (sob o argumento esdrúxulo de treinamento ou outras "coisitas"). Dessa maneira, a tropa acaba adoecendo emocionalmente. Assim, temos que entender que as condenações moralmente ilegítimas ocorridas em alguns Tribunais Militares, pois são decisões de políticos suspeitos de corrupção que se encontram na condição de desembargadores do Tribunal Militar, pois foram nomeados pelo Governador daquele Estado, sem prestar concurso ou sequer exame da OAB ou de alguns oficiais coronéis apontados como racistas no trato com subordinados da escala hierárquica, reafirmam Raul Zaffaroni quando nos alerta sobre o fato de que os amorais são compensados. Até que ponto esses acontecimentos não diminuem ainda mais a nossa credibilidade sobre as nossas instituições públicas?

Enquanto isso, soldados saem às ruas adoecidos emocionalmente, pois não podem reclamar e ganhando muito pouco, pois não podem se sindicalizar. É o jogo da perversidade, policiais militares que não possuem voz, nem existência social e sem direitos, lutam para garantir aos cidadãos brasileiros aquilo que eles, soldados, desconhecem, pois lhes são negados pelo Estado social: direitos sociais.
Enquanto isso a justiça militar pune muito mais os infelizes soldados enquanto acalanta coronéis e outros fantasmas da politicagem em nome da preservação da ingerência administrativa sem o controle da sociedade.

Quem não quer mudança está lucrando com isso em favor de uma minoria enquanto sacrifica a esperança da maioria, que são os excluídos. Precisamos de uma polícia única, democrática e unida para bem proteger, pois a polícia é uma necessidade da sociedade e precisamos dela. Por outro lado, precisamos de um policial, não precisamos de um milico. Os milicos necessários e importantes para a nossa paz são os militares do Exército. Eles nos são mais úteis defendendo a nossa Pátria das ameaças externas e para isso são treinados e também devem ser valorizados.

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