terça-feira, 19 de junho de 2012

A CORRUPÇÃO PROTEGIDA



A certeza da impunidade estimula a prática criminosa em qualquer esfera social. A imprensa privada tem interesses obscuros quando o assunto é resgatar a igualdade social positiva. Por outro lado, quando o assunto é limitar o poder estatal sobre as liberdades, ela se torna feroz em favor dessa limitação. Isso ocorre por um simples motivo: o lucro.

Quando a imprensa privada destaca matérias sensacionalistas sobre pessoas em situação de vulnerabilidade social ela está desviando o foco, pois considerando o poder de manipulação da mídia aliado ao seu forte poder econômico, se ela quisesse mudar algo para melhor na sociedade ela saberia como fazer, só não faz porque não quer. Por exemplo: a comissão de juristas responsável pela elaboração do anteprojeto do novo Código Penal apresentou proposta que prevê aumento da lista de crimes hediondos (são os crimes que têm punição mais rigorosa). Constava nesta lista a inclusão do crime de corrupção, no entanto a proposta foi rejeitada e sobre isso a imprensa privada calou. Não seria o momento oportuno para convocar a opinião pública sobre o tema e pressionar os integrantes da comissão a deixar na lista o crime de corrupção, pois ela destrói o tecido social em grande escala além de produzir o aumento das desigualdades sociais? Esse questionamento já seria suficiente para garantir, na lista dos crimes hediondos, o crime de corrupção. Inexplicavelmente esse assunto não recebeu o interesse merecido por parte da imprensa privada. Assim matérias sensacionalistas, que procuram emocionar os leitores com a desgraça alheia, são algo confuso vindo de uma mídia descomprometida com o resgate das desigualdades positivas.

Essa negligência midiática é entendida se levarmos em conta que no Brasil a maioria dos donos dos meios de comunicação é composta por políticos inescrupulosos e o restante é por capitalistas satisfeitos com este tipo de Estado (leia matéria sobre a mídia no endereço eletrônico: http://donosdamidia.com.br/media/documentos/DonosCarta.pdf), onde buscam o lucro e o apoio legislativo, explorando o corpo útil e exterminando o corpo inútil dos desvalidos. Imaginem os senhores se o crime de corrupção fosse hediondo. Quem seriam os condenados por corrupção no Brasil? Talvez seja por isso que a mídia privada tenha silenciado.

Dessa maneira, concluo que a mídia estimulou, com a sua negligência, o exercício da corrupção no Brasil. Essa falta de informação cria uma imagem negativa para o País. A mídia da imprensa privada, no Brasil, demonstra ser o ovo da serpente que se alimenta das esperanças dos desesperados socialmente. Que vergonha, Comissão, pois a certeza da impunidade da corrupção estimula a sua prática no seio de nossa sociedade, matando a dignidade da pessoa humana.

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