A certeza da impunidade estimula a prática criminosa em qualquer esfera
social. A imprensa privada tem interesses obscuros quando o assunto é resgatar
a igualdade social positiva. Por outro lado, quando o assunto é limitar o poder
estatal sobre as liberdades, ela se torna feroz em favor dessa limitação. Isso
ocorre por um simples motivo: o lucro.
Quando a imprensa privada destaca matérias sensacionalistas sobre pessoas
em situação de vulnerabilidade social ela está desviando o foco, pois
considerando o poder de manipulação da mídia aliado ao seu forte poder
econômico, se ela quisesse mudar algo para melhor na sociedade ela saberia como
fazer, só não faz porque não quer. Por exemplo: a comissão de juristas
responsável pela elaboração do anteprojeto do novo Código Penal apresentou proposta
que prevê aumento da lista de crimes hediondos (são os crimes que têm punição
mais rigorosa). Constava nesta lista a inclusão do crime de corrupção, no
entanto a proposta foi rejeitada e sobre isso a imprensa privada calou. Não
seria o momento oportuno para convocar a opinião pública sobre o tema e pressionar
os integrantes da comissão a deixar na lista o crime de corrupção, pois ela destrói
o tecido social em grande escala além de produzir o aumento das desigualdades
sociais? Esse questionamento já seria suficiente para garantir, na lista dos
crimes hediondos, o crime de corrupção. Inexplicavelmente esse assunto não
recebeu o interesse merecido por parte da imprensa privada. Assim matérias
sensacionalistas, que procuram emocionar os leitores com a desgraça alheia, são
algo confuso vindo de uma mídia descomprometida com o resgate das desigualdades
positivas.
Essa negligência midiática é entendida se levarmos em conta que no Brasil
a maioria dos donos dos meios de comunicação é composta por políticos
inescrupulosos e o restante é por capitalistas satisfeitos com este tipo de
Estado (leia matéria sobre a mídia no endereço eletrônico: http://donosdamidia.com.br/media/documentos/DonosCarta.pdf),
onde buscam o lucro e o apoio legislativo, explorando o corpo útil e exterminando
o corpo inútil dos desvalidos. Imaginem os senhores se o crime de corrupção
fosse hediondo. Quem seriam os condenados por corrupção no Brasil? Talvez seja
por isso que a mídia privada tenha silenciado.
Dessa maneira, concluo que a mídia estimulou, com a sua negligência, o
exercício da corrupção no Brasil. Essa falta de informação cria uma imagem
negativa para o País. A mídia da imprensa privada, no Brasil, demonstra ser o
ovo da serpente que se alimenta das esperanças dos desesperados socialmente. Que
vergonha, Comissão, pois a certeza da impunidade da corrupção estimula a sua prática
no seio de nossa sociedade, matando a dignidade da pessoa humana.
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